A casa leva o nome da árvore conhecida como Mulungu (Erythrina Mulungu), encontrada no terreno em uma posição central em relação à área disponível para a construção no lote. Sob risco de extinção, esta espécie faz parte do bioma da Mata Atlântica e é nativa da região de Petrópolis.
O ciclo do Mulungu é de florescimento de flores vermelhas no inverno, quando está totalmente sem folhas, permanecendo assim até o início da primavera, quando então caem as flores e recomeça a produção de intensa folhagem. Deste ciclo resulta a produção de sombra nos meses que registram maior temperatura e a passagem do sol nos meses frios, decorre ainda deste ciclo dois aspectos visuais ao longo do ano: predominante vermelha e predominante verde.
Em relação à organização do programa, a árvore constitui uma centralidade determinada arquitetonicamente por um pátio ao seu redor. Em torno deste pátio dispõe-se, na parte frontal do lote, a área íntima e, na parte posterior, a área social. Articulando ambas e dispostas lateralmente em relação ao pátio, encontram-se a cozinha e a circulação. Na medida em que o acesso e todo o programa converge para o pátio e sua centralidade, a casa vive intensamente os contínuos ciclos do Mulungu: hora o pátio é luminoso e impregnado pela cor de delicadas flores vermelhas, hora é de aspecto mais sombrio e protetivo, naqueles meses de calor, umidade e volumosa folhagem.
De certo modo, as longas paredes em tijolos maciços cerâmicos que fazem uma espécie de guarida em relação à vizinhança próxima, têm na gradação da luz natural, entre trechos totalmente fechados e outros vazados (configurando um cobogó) uma relação com as transformações do Mulungu ao longo do ano. O ciclo das estações tem algo de corriqueiro no nosso dia-a-dia porém, nesse projeto buscou-se viver o ciclo da natureza de forma muito intensa pela proximidade e experiência do espaço ao redor do Mulungu.
Petrópolis/RJ - Brasil
Projeto: 2016
Obra: 2018
Arquitetura: Gregório Rosenbusch e Mariana Meneguetti
Colaboração: Laura Rosenbusch
Responsável pela obra: Gregório Rosenbusch
Estrutura: Ricardo Barelli (Teto Engenharia)
Paisagismo: Embyá
Sondagem: Sondestaq
Execução estrutura metálica: Joafer
Fotografias: Federico Cairoli